Porquê sintropia e minifloresta?

Viemos da Wallonia, na Bélgica, onde os solos são pesados de argila e o céu é cinzento, uma região onde tudo é verde durante todo o ano. Estávamos rodeados por florestas, à exceção da urbanização, que se estende e estende o seu fluxo de betão.
Viajando por Portugal, apaixonámo-nos por esta área rural tranquila, feita de grandes pedras de granito, oliveiras e sobreiros, ovelhas, vacas e camponeses, e ficamos.
Começámos a horta e fizemos as nossas primeiras plantações de árvores, como fazíamos na Wallonia: linhas de árvores orientadas norte-sul, para apanhar todo o sol possível, um certo espaçamento para que os vegetais ‘arejassem’ bem e não pegassem doenças da humidade… Podem imaginar que não comemos muitos dos nossos vegetais naquele ano e que as nossas árvores, se sobrevivessem, não teriam a oportunidade de crescer muito.
Assim, compreendemos por experiência própria o que já nos tinham dito: há que pensar primeiro em plantar condições favoráveis.
Por outras palavras, é preciso recriar o solo, os ciclos da água, sombra e biomassa.
Tudo isso existe no modelo da floresta.
Foi assim que iniciámos a nossa pesquisa sobre como mudar de um terreno arenoso, drenante no verão, inundado no inverno, e exposto aos ventos e ao sol, para uma área semiflorestal que pode acomodar plantações e culturas alimentícias.

A Agricultura Sintrópica, por outro lado, capacita o agricultor a replicar e acelerar os processos naturais de sucessão ecológica e estratificação, dando às plantas condições ideais para o seu desenvolvimento, cada qual ocupando a sua posição natural no espaço (estratificação) e no tempo (sucessão). É uma agricultura baseada em processos, e não insumos. A colheita agrícola passa a ser vista como um efeito colateral da regeneração de ecossistemas, ou vice-versa“. (source : https://agendagotsch.com/pt/what-is-syntropic-farming/)

Durante essa pesquisa, descobrimos o trabalho de Ernst Götsch e o seu modelo de agroflorestas sintrópicas no Brasil. Só que o Brasil não é Portugal do Alto Alentejo. Estamos, portanto, à procura de uma adaptação destes conceitos e é graças aos ensinamentos de Annaëlle Théry, francêsa, que há vários anos faz este trabalho de pesquisa de adaptação da sintropia brasileira ao seu contexto em Bordeaux, e partilha connosco a sua grande criatividade, o seu sentido de investigação e o seu pragmatismo.

Na prática: plantamos dezenas de árvores e plantas de suporte para as árvores de ‘cultivo’, essas plantações são refletidas de acordo com o seu desenvolvimento no tempo e no espaço. Algumas delas servirão para a ‘perturbação’, ou seja, podadas várias vezes durante a primavera para dar biomassa e dar às outras plantas um sinal de crescimento. Outras serão guardadas para dar sombra amanhã ou num espaço de cinco anos,… Segundo Annaëlle, hoje estamos a plantar um filme para os próximos 50 anos. Neste sistema, o homem é visto como um participante num sistema que se regenera mais rapidamente e que beneficia de colheitas abundantes e qualitativas, tendo as plantas crescido no seu contexto perfeito.

O objetivo das minflorestas Miyawaki é diferente. É um projeto puro de reflorestamento acelerado pelo homem, com o único propósito de recriar a floresta e todos os seus benefícios. Ele foi projetado principalmente para reverberar espaços urbanos, mas é definitivamente aplicável noutros contextos mais rurais. Veja o artigo sobre a plantação da minifloresta Miyawaki.

O nosso objetivo ao implementar uma minifloresta no nosso terreno, é recuperar essa relação com a floresta que nos é tão preciosa, recriar melhores condições no nosso terreno para que possa acolher um viveiro resiliente e, a prazo, se a experiência for conclusiva, de poder oferecer, através do viveiro, a oportunidade de plantar outras miniflorestas, talvez na sua casa?!


Em 2025, planeamos um teste de minifloresta comestível.

Para saber mais : https://agendagotsch.com/pt/what-is-syntropic-farming/ ; https://joala.fr/ ; https://vida.org.pt/guia-miniflorestas/

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